quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Governadores e prefeitos limitam-se a reduzir tarifa .

Autor(es): Por Cristian Klein, Paola de Moura e Marcos de Moura e Souza | De São Paulo, Rio e Belo Horizonte
Valor Econômico - 17/07/2013
Com mais instrumentos de ação do que os respectivos legislativos municipais e estaduais, prefeitos e governadores adotaram como principal estratégia para atender ao clamor das ruas a redução das tarifas de transporte público, que foram a origem das manifestações.

Um atrás do outro, os governantes abaixaram os preços das passagens de ônibus, metrô, trens e barcas. A maior parte das medidas se concentrou na área de mobilidade urbana. Mas com o receio de que novos focos de insatisfação ganhassem força, outros segmentos mereceram atenção.

Em São Paulo, o governador Geraldo Alckmin, do PSDB, aumentou em 33% o auxílio-moradia pago a 1.761 famílias da região metropolitana cadastradas no Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). O benefício saltou de R$ 300 para R$ 400 mensais. O tucano prometeu ainda enxugar R$ 356 milhões em despesas; suspendeu o reajuste dos pedágios em rodovias; e reduziu as tarifas de metrô e trens (de R$ 3,20 para R$ 3,00).

O prefeito da capital, o petista Fernando Haddad, também fez o mesmo com as tarifas de ônibus, cancelou a licitação das concessões do transporte público da cidade; criou o Conselho Municipal de Transportes; antecipou a implantação de 220km de faixas exclusivas de ônibus até dezembro e da reforma completa dos semáforos de 4,8 mil cruzamentos; e apresentou ao Ministério do Planejamento duas propostas para facilitar a implementação do Plano Nacional de Mobilidade na capital.

A revogação do reajuste das tarifas de transporte foi anunciada por Alckmin e Haddad depois que Eduardo Paes, prefeito do Rio, havia decidido ceder. Os três, que antes estavam irredutíveis, jogaram a toalha no mesmo horário, às 18h, da quarta-feira, 19, dois dias depois da segunda-feira que levou mais de 1 milhão de pessoas às ruas nas principais cidades do país.

Os chefes dos executivos municipais e estaduais, porém, não foram os alvos preferenciais da indignação. Pela pesquisa CNT/MDA, divulgada ontem, os protestos se dirigiram sobretudo para os "políticos em geral" (49,7%), o sistema político no Brasil (21%), a presidente da República (15,9%), os governadores e prefeitos (5,9%), os deputados e senadores (2,1%) e o sistema judiciário (1,6%).

A maior exceção está no governador do Rio, Sérgio Cabral, do PMDB, que até hoje atrai a ira dos manifestantes. Sua reação aos protestos baseou-se em reprimir os protestos e abaixar as tarifas de metrô (de R$ 3,50 para R$ 3,20), trens (de R$ 3,10 para R$ 2,90) e barcas (de R$ 3,30 para R$ 3,10). Depois da redução, Cabral passou praticamente duas semanas sem dar entrevista. Quando confrontado sobre medidas que tomaria, afirmou que estava no caminho certo e que não modificaria sua gestão. Na última semana, pediu mais verbas federais para a linha 3 do metrô, que já tem projeto pronto, mas ainda não foi licitada.

Cabral enfrenta contratempos na Assembleia Legislativa. Deputados de oposição que agora se sentem mais fortalecidos pelo repúdio nas ruas ao governador decidiram pedir o impeachment depois que a revista "Veja" publicou matéria dizendo que Cabral e sua família, incluindo as babás e seu cachorro, utilizam uma frota de sete helicópteros para serem transportados nos fins de semana à casa de praia do governador em Guaratiba.

Em Minas Gerais, além da redução das tarifas dos ônibus da região metropolitana (de R$ 3,45 para R$ 3,30); o governador tucano Antonio Anastasia passou a dar acesso a representantes dos protestos.

O prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), também baixou as tarifas: de R$ 2,80 para R$ 2,65. Cidades no interior de Minas seguiram a receita.

No Rio Grande do Sul, o governador petista Tarso Genro propôs a implantação do passe livre estudantil intermunicipal em 63 cidades de quatro regiões do Estado a partir de 1º de agosto, mas retirou pedido de urgência do projeto de lei enviado à Assembleia, depois que a oposição quis ampliar o escopo do projeto. Ontem, a Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos Delegados (Agergs) aprovou uma redução de 4,69% nas tarifas das linhas intermunicipais que operam entre os 32 municípios da região metropolitana. Na capital Porto Alegre, o prefeito José Fortunati (PDT) reduziu a tarifa de ônibus em cinco centavos (de R$ 2,85 para R$ 2,80). Queda maior, entre dez e 20 centavos, ocorreu em pelo menos mais cinco cidades gaúchas: Caxias do Sul, Pelotas, Passo Fundo, Esteio e Alvorada.

Em Pernambuco, o governador Eduardo Campos (PSB) abaixou em dez centavos as tarifas de ônibus dos anéis viários no Recife, Olinda e Jaboatão dos Guararapes.

(Colaboraram Sérgio Ruck Bueno, de Porto Alegre, e Murillo Camarotto, do Recife)

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