quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Opção da prefeitura pelos ônibus é um erro, afirma economista

O Globo - Simone Candida

Mudanças no centro
Apesar da previsão da prefeitura de que, até o fim da semana, parte dos impactos causados pela interdição do Elevado da Perimetral seja amenizada com ajustes no esquema montado para o trânsito no Centro, o carioca pode esperar mais confusão até o fim das obras na região. Para o economista especializado em planejamento de transportes Marcos Poggi, o engarrafamento visto ontem na cidade é uma prova do erro da prefeitura em apostar no ônibus como transporte viário da cidade.

- O sistema viário funciona como um sistema hidráulico: quanto mais opções de escoamento houver, maior é a fluidez. A prefeitura do Rio, em lugar de se associar a seus parceiros no governo do estado e no Planalto para ajudar a fazer mais metrô, que é o que resolve, e expandir na medida do possível o espaço viário, faz uma opção, errada na maior parte dos casos, por BRT e fecha ruas, fecha faixas, fecha acessos e retornos, e ainda derruba viadutos - criticou o economista.

Na avaliação de Poggi, que em 1992 foi coordenador do Projeto de Revitalização da Gamboa, há uma nítida estratégia da prefeitura de tentar forçar os cariocas a deixarem o carro em casa. Mas, como a população não conta com transporte público eficiente, poucos atendem a esse apelo.

- Há uma nítida aderência à visão do ex-prefeito Cesar Maia, que cunhou a expressão santo engarrafamento , uma variante do quanto pior, melhor . Trocando em miúdos, é mais ou menos o seguinte: vamos tornar a vida de todos um inferno para forçar os donos de carros particulares a deixarem seus automóveis na garagem , como se houvesse garagem para todos. Um achado em matéria de política pública! Isso em uma cidade que, ao contrário de outras grandes metrópoles que restringem o uso do automóvel, não tem alternativas minimamente suficientes e decentes de transporte público - afirmou Poggi, que foi integrante do Conselho de Logística e Transporte da Associação Comercial do Rio de Janeiro.

Para o economista, a tendência daqui para frente é piorar:

- Num contexto em que a frota de veículos cresce a uma taxa de 7% ao ano, já estamos sem a Perimetral e vamos ficar sem a Avenida Rio Branco. E o pior: com a previsão de outras mudanças no sistema viário e da construção de dezenas de torres com 30, 40 e 50 pavimentos na área do Porto Maravilha. Não é com VLT nem com BRT da Transcarioca e da Avenida Brasil que vamos resolver os problemas de mobilidade que vêm por aí.

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