quarta-feira, 2 de julho de 2014

Especialistas vêm melhorias e desvantagens no sistema BRT em Recife



ANTP Cliping 12/05/2014
A cada dia, com a continuidade das obras nas estações e terminais, a expectativa só aumenta. A implantação do sistema BRT segue em fase de testes e continua a incerteza sobre a funcionalidade do novo modelo do transporte público na Região Metropolitana do Recife. Para especialistas da área de mobilidade, o serviço tende realmente a melhorar consideravelmente, porém há ressalvas.
Coordenador regional da Associação Nacional de Transportes Públicos, o engenheiro César Cavalcanti acredita que as mudanças provenientes com o BRT são muito importantes e têm tudo para melhorar a mobilidade. Sobre o Corredor Leste-Oeste e o novo formato de trânsito na Avenida Caxangá, Cavalcanti só questiona o tamanho das estações.
"Não tive acesso a todos os detalhes do projeto, mas só me pergunto sobre a dimensão das estações, em relação ao carregamento adequado de passageiros. Se funcionar, será um salto gigantesco de qualidade no transporte. Basta comparar as novas paradas, que dão de dez a zero com as paradas anteriores”, disse o especialista. Cavalcanti lembra a importância na divulgação do serviço para que a população tome conhecimento sobre as alterações. "A diferença na sistemática será enorme e é fundamental a divulgação, um processo educativo para conscientizar a população”.
Na concepção do especialista em mobilidade e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Maurício Pina, o BRT com certeza será benéfico à Avenida Caxangá, mas há algumas restrições. "Deveria ter uma segunda faixa exclusiva do BRT para permitir a ultrapassagem. O objetivo é transporte rápido por ônibus; se há um ônibus parado na estação ou quebrado, causa transtorno pela espera. Se não for possível na Caxangá, que haja uma faixa mista para o ônibus novo poder fazer a ultrapassagem”, apontou Pina.
A Avenida Caxangá atualmente tem três faixas: a da esquerda ficará exclusiva para o BRT, a do meio para veículos particulares e a da direita para os ônibus "atuais” que permanecerão em tráfego até a implantação total do novo sistema (previsto para setembro de 2014). Em determinados pontos, haverá faixas mistas nas quais todos os veículos transitaram juntos. Segundo o especialista, é uma situação transitória e não tem como ser diferente.
Experiência de outras cidades – Rio de Janeiro, Belo Horizonte e a pioneira Curitiba são algumas das cidades brasileiras que aderiram ao tipo de transporte BRT. De acordo com a engenheira de transporte Eva Vider, professora da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o modelo BRT é uma opção válida para qualquer cidade, desde que a capacidade seja compatível com a demanda do corredor.
"Avaliamos que o BRT funciona quando a demanda é de oito a 20 mil usuários por hora. Acima disso, as opções devem ser metrôs e trens urbanos. Em Curitiba, alguns corredores já estão saturados e há planos para transformarem em metrô. Alguns corredores do Rio, como a Transbrasil, não tem mais capacidade. Por isso a importância do planejamento”, observou Eva Vider.
A professora compartilha da opinião de que a informação ao usuário deve ser intensificada.  "A população precisa se acostumar com a novidade, haver muita sinalização, distribuir panfletos. Não temos ainda uma educação de trânsito ideal, então precisamos de informação até para proteção dos próprios pedestres e motoristas”.
Usuários dizem não ter informação – No Recife, a população ainda se sente desprovida de informações necessárias sobre o BRT. De todas as pessoas entrevistadas pela equipe do LeiaJá, nenhuma soube afirmar como funcionarão as novas estações. "Eu não sei de nada. Pelo que eu estou vendo, quando esse ônibus novo chegar de Camaragibe até aqui, na metade da Avenida Caxangá, já vai estar completamente lotado”, comentou o estudante Marcos Lima.
Descrente, o aposentado Jairo Barbosa não sabe como vai funcionar o projeto e não acredita que o novo sistema irá melhorar. "É tudo política”, se limitou a criticar. Para a técnica de enfermagem Rosemeri Santos, os ônibus e as novas estações estão muito bonitos, mas é preciso informar melhorar à população. "Só sinto falta de um trabalho de educação, sobre a segurança por exemplo. Se não houver segurança, as paradas vão ficar destruídas durante jogos e no Carnaval”.
Nas paradas da Praça do Derby, importante ponto de ligação do BRT, a falta de conhecimento também é generalizada entre os passageiros. "Posso nem comentar, porque não sei nem como vai funcionar. Confesso que não sei quais serão as mudanças”, disse a auxiliar administrativa Lucélia Bezerra. O motorista de caminhão Antônio Anísio sugere ações para conscientizar o público. "Antes de inaugurar, deveriam colocar instrutores em cada parada, para explicar como será. Até agora, nenhuma informação”.

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