quarta-feira, 8 de julho de 2015

Elevação do custo de energia elétrica coloca em alerta o custo da operação de trens e metrôs, por Roberta Marchesi

Roberta Marchesi*

Com o momento da economia brasileira e as alterações da política de energia elétrica, a Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos) mostra preocupação com a elevação da tarifa de energia elétrica cobrada dos operadores metroferroviários e seu reflexo sobre as tarifas de transporte e os investimentos para modernização e ampliação das redes.

O setor já vinha sendo impactado com as alterações de tarifas de energia definidas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), através dos reajustes anuais das distribuidoras.

Agora em 2015, com as alterações na condução da política econômica brasileira, a situação ficou alarmante. Além dos reajustes anuais promovidos pela ANEEL, as operadoras metroferroviárias foram surpreendidas por várias outras medidas que impactam de forma direta sobre o custo da operação: os reajustes extraordinários promovidos pela ANEEL, o início do sistema de bandeiras tarifárias e seu reajuste e a cobrança individualizada das contas de energia.

O sistema de bandeiras tarifárias, que passou a vigorar a partir de janeiro de 2015, impactou em 24% o custo com energia dos operadores metroferroviários, o que significa um acréscimo de R$ 21,5 milhões. O reajuste extraordinário determinado pela ANEEL impactou em mais 21% o custo da energia, equivalente a R$ 16,5 milhões; e a cobrança individualizada representou mais 25%.

Considerando todas as altas, desde outubro de 2014, os operadores que estão no mercado cativo de energia contabilizou um aumento real de 95% na conta de energia.

Já os operadores que atuam no mercado livre, através da atualização da Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição (TUSD), tiveram um aumento de 83% na conta de energia, representando mais de R$ 80 milhões entre abril e dezembro de 2015.

Até o momento, sem qualquer sinalização do governo federal em adotar medidas específicas para auxiliar o setor a reduzir os impactos dessa elevação nos custos operacionais, as companhias metroferroviárias temem que, para sustentar a operação, tenham que cobrir esses aumentos ou com a elevação de tarifas, ou com o orçamento destinado à expansão e modernização do setor. A preocupação é que a falta de recursos afete as contratações, expansões, investimentos, e/ou tarifas de transporte.

A ANPTrilhos e seus associados defendem a adoção de uma política pública específica para o setor, que busque lidar com esses impactos para a garantia da qualidade na prestação dos serviços e da modicidade tarifária para os usuários, não só por todos os benefícios que o sistema metroferroviário representa para as cidades, mas, especialmente, para a mobilidade urbana do cidadão brasileiro.

A Associação trabalha em prol do transporte de passageiros sobre trilhos Brasil e desenvolveu a Agenda de Governo 2015/2018 – Setor Metroferroviário, com o intuito de consolidar as iniciativas e propostas para estruturar uma política pública de desenvolvimento para o transporte de passageiros sobre trilhos. A Agenda está sendo apresentada para os órgãos governamentais nas esferas federal e estadual e tem o objetivo de consolidar as iniciativas e apresentar propostas para impulsionar o setor metroferroviário, criando um arcabouço de ações para priorizar o transporte de pessoas por trilhos.

* Roberta Marchesi é Superintendente da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos)

Fonte: ANPTrilhos
Publicada em:: 22/04/2015

Nenhum comentário:

Postar um comentário